O segundo dia do Festival da Saudade decorreu a 16 de agosto e, à semelhança do primeiro dia, foi um grande sucesso. Muitos foram aqueles que vieram de longe para conviver, rir e brincar num festival que decorreu em Fátima, a cidade mais religiosa de Portugal. Para além de contar com vários artistas de renome, como Joana Amendoeira e até o Padre Borga, o dia terminou com um concerto do “ídolo dos emigrantes”, Tony Carreira, que como sempre lançou charme por todo o festival e prendeu as centenas de pessoas às cadeiras (que fizeram questão de trazer), fazendo com que cada olhar brilhasse, ao som do cantor de sonhos.
A tarde começou ao som do Quim dos Apitos, o primeiro a entrar em palco no segundo dia do Festival da Saudade. Depois de pôr os portugueses a mexer e a cantar, também encantou com o estilo pimba. Confessou ao Ponto PT que “esteve a tocar em casa”, o que o deixou “extremamente feliz”, porque é natural do concelho de Ourém. “Acho que as pessoas gostaram e, pessoalmente o que mais gosto é de as ver sorrir! Dentro do meu estilo de música, que é o brejeiro acho que correu muito bem!”. Entre risos conta que o nome “Quim dos Apitos” vem do facto de o artista ser árbitro e, já na arbitragem cantar algumas músicas. O “Quim” vem do facto de “alguns considerarem que tem uma voz semelhante à do Quim Barreiros”, o que leva como um elogio.
Para terminar, o primeiro artista em palco no dia 16, afirmou que a atuação foi “um sucesso” e que “o público aderiu imenso apesar do grande calor que se fez sentir”.
Seguiu-se o Rancho Folclórico da Casa do Povo, de Fátima, que deu um verdadeiro espetáculo no recinto do festival. O grupo começou por interpretar algumas músicas tradicionais de Fátima e, depois ainda convidou alguns dos espetadores para participar nas tradicionais danças. Pés descalços, saias rodadas e homens vestidos a rigor não faltaram. E diga-se de passagem, que alegria também não!
A responsável do Grupo Folclórico da Casa do Povo, Sandra Santos, conta que a associação foi fundada em 1977 e que “desde a fundação tentam manter vivas as tradições do grupo”. Estar a atuar em Fátima é algo que deixa o grupo feliz por tentar ser “o mais fiel possíveis à tradição” e o Festival da Saudade é mais uma oportunidade de trazer mais e mais turistas à terra da maior devoção dos portugueses.
Padre Borga e Joana Amendoeira foram outros consagrados cantores que pisaram o palco do Festival da Saudade, não deixando o público indiferente à música sacra e, ainda ao fado, respetivamente.
Tony Carreira, o cantor de sonhos fez o amor vibrar no coração de todos os presentes
Tony Carreira fechou o Festival da Saudade. E diga-se, que bem fechado que foi! Com letras românticas, um sorriso bondoso e um olhar apaixonado, o artista deu um espetáculo e tanto e fez sorrir cada um dos corações que por ele vibraram.
Em declarações ao Ponto PT, o cabeça de cartaz do Festival da Saudade referiu: “Este festival tem um caminho a percorrer como qualquer festival. No fundo é como um artista que aparece com um primeiro single”, mas que se pode tornar em algo muito grande. Considera que é “um festival que faz sentido, em pleno mês de agosto e sinto-me muito feliz por estar no primeiro. Isso já ninguém me tira! Se daqui a 30 anos, este for o melhor festival de Portugal, eu estive no primeiro”.
O ídolo dos portugueses viveu “fora 28 anos”, portanto “o meu olhar para os portugueses de fora é que estes são, também portugueses, estejam eles onde estiverem”.
Neste festival “a palavra saudade tem um verdadeiro significado”
“Considero que este festival tem o título correto. Aqui, a palavra saudade tem um verdadeiro significado. Principalmente para quem vive fora e, tinha um significado ainda maior há 30 ou 40 anos atrás porque não existia internet, nem as facilidades que existem hoje em dia. Atualmente a saudade não está no mesmo patamar de há uns anos, no entanto, para quem vive fora de Portugal, esta é uma palavra que tem, de facto, um grande significado”. Tony Carreira termina agradecendo a todos “por estarem presentes” e, mais uma vez, arrasou multidões arrancando sorrisos a cada fã que o acompanha por cada ponto do mundo.
O público esteve “ao rubro” durante todo o festival
Durante o Festival da Saudade não foram só os artistas que se mostraram muito satisfeitos. Ao falar com o público puderam-se ouvir frases como “sou emigrante lá do norte”, diz José Moura, de São João da Pesqueira. Afirma que o que “mais gostou” no Festival da Saudade foi a atuação do Padre Borga. No entanto, manteve uma grande expectativa até ao final, para assistir a todos os artistas. José Moura veio acompanhado pela esposa e pelos cunhados, com quem também tivemos a oportunidade de falar.
A cunhada, Maria Ramos esteve emigrada durante muitos anos. Esteve na Alemanha onde “organizou a vida”. Foi “com os pais” e voltou “com o marido e com os dois filhos já às costas”. Está de volta a Portugal há mais de 30 anos e afirma que fica “muito feliz por existirem festivais que exaltam os emigrantes”. Enquanto uma pessoa que também sentiu “muita saudade” gostou, especialmente “do convívio entre as pessoas”. Quanto a artistas, refere que gostou em especial, da Joana Amendoeira, mas que foi “um gosto” ver todos os músicos.
É inegável que as fãs do grandioso Tony Carreira são, por norma, as mais animadas e, tendo a oportunidade de falar com algumas, ouviu-se o seguinte: “Foi muito bom, muito agradável! A primeira vez que vi o Tony foi em França. As músicas dele são muito bonitas e cativam muita gente”, diz Manuela.
Lúcia está emigrada em França desde 1975 e veio ver o Tony Carreira acompanhada pelos filhos. É uma fã com muita garra! Já viu o ídolo mais de 20 vezes. Conta que só veio ao Festival da Saudade “para ver o Tony”, enquanto, entre risos, os filhos dizem “Tony faz-me um irmão” e ainda “o Tony é um pai para mim”, tal é a devoção de Lúcia pelo cantor de amor. A família diz que “o Tony é muito especial” e acrescenta que sempre que houver a possibilidade estarão presentes.
“O meu cachecol está assinado várias vezes pelo Tony Carreira”, diz Maria da Luz enquanto espera na fila para conseguir mais uma assinatura do ídolo. Está emigrada em França, há mais de 50 anos e esteve nos dois dias do Festival da Saudade. “Encontramos aqui as nossas raízes e é um gosto estar aqui e estar a conviver com todas estas pessoas”, termina.
Isabel Rodrigues, administradora da Media Livre, representa a organização do Festival da Saudade e, em conversa com o Ponto PT revela que as expetativas para o primeiro ano desta festa estavam “muito altas”, mas foram cumpridas. “Não queremos fazer nada pela metade e foi uma grande vontade e com todo o coração que organizamos este festival em conjunto com a Música no Coração”, afirma.
“Este é um festival para matar saudades. Fátima foi escolhido por ter um grande significado para todos os portugueses em termos de fé e de pertença, o que se espalha por todo o mundo”. Para o ano de 2025 é esperado o próximo Festival da Saudade, que já está em andamento imediatamente depois de terminar o último dia deste que foi a primeira edição, confirma Isabel Rodrigues.
O amor pela música, pela arte e pelo público, por parte de cada artista, organizador e participante do Festival da Saudade foi o que fez deste um grande sucesso. Que moveu multidões e promete regressar em 2025.
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