A pouco mais de meio ano da realização dos Jogos Olímpicos em Paris, são conhecidas algumas novidades que prometem animar a capital francesa e aproximar a comunidade portuguesa dos atletas olímpicos. O objetivo para a edição de 2024 é apurar cerca de 90 atletas, mas o número final de apuramentos só será conhecido em julho de 2024, mês em que se inicia a competição. Será a terceira vez que os jogos olímpicos acontecem na cidade parisiense, 100 anos depois da última edição em Paris.
A proximidade geográfica e cultural entre os dois países vai permitir uma experiência olímpica inédita para Portugal e para a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo. Face às características únicas da competição, que acontece de 24 de julho a 11 de agosto, o Comité Olímpico de Portugal inspirou-se num projeto já implementado por outros países, noutras edições dos jogos, e vai criar uma ‘Casa da Nação’, em Paris. “Vamos fazê-lo este ano para responder à vontade dos lusodescendentes que vivem na zona de Paris. Desta forma, porque vai ser difícil aceder aos bilhetes, os portugueses vão poder estar com a equipa Portugal”, explica Manuel Araújo, Secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal, em entrevista ao Ponto PT.
O pavilhão dedicado a Portugal, que irá ser instalado no Parc de la Villette, no centro de Paris, terá uma zona de animação desportiva, uma zona de merchandising e uma zona de stands de empresas. O projeto será apoiado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, pelo Turismo de Portugal, terá o envolvimento da Câmara do Comércio e Indústria Franco-portuguesa, entre outras entidades instaladas em Portugal e em França. “Este vai ser um espaço de partilha, com a possibilidade de darmos a todos aqueles que estão em Paris, e que muitas vezes podem não ter possibilidade de assistir aos jogos, poderem sentir o coração de Portugal em Paris e sentir a possibilidade de estar o mais perto possível do mundo olímpico, durante aquele período”, diz Manuel Araújo.
O Comité Olímpico de Portugal, como uma das entidades responsáveis pela preparação da equipa Portugal na missão dos Jogos Olímpicos, concilia o trabalho desportivo com a dimensão institucional, considerada “absolutamente determinante” para a presença lusa na competição mundial.
Segurança é um dos principais desafios
Numa altura em que decorrem os preparativos, o Comité Olímpico aponta três principais desafios na organização dos jogos de Paris. A segurança é a questão que mais preocupa o comité organizador, que quer entregar os jogos em plenas condições de segurança. “É uma cidade que não é assim tão pequena e nós temos competições espalhadas pelo país. Com a segurança tão apertada, a movimentação das pessoas vai ser um desafio muito grande. A combinação entre segurança e transportes vai ser mesmo a maior dificuldade que se coloca a todos”, afirma o Secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal.
Marco Alves, Chefe de Missão, acredita que uma das soluções poderá ser a utilização de transportes públicos, mas apenas quando não comprometer ou colocar em causa os horários estabelecidos para a participação dos atletas nas provas. “Colocar uns jogos numa cidade que já por si tem os seus problemas de transportes é sem dúvida um desafio. Estamos a fazer um trabalho de sensibilização das equipas e de identificação daquilo que pode correr menos bem”, enfatiza.
Para a missão olímpica, o comité conta deslocar para Paris mais de 200 pessoas, entre atletas, oficiais, mecânicos e toda a equipa técnica dos atletas. Ainda assim, só se saberá o número final de pessoas que compõem a comitiva com o apuramento de todos os atletas.
Para que nada falhe no momento decisivo das provas, estão a ser preparados vários planos no sentido de evitar surpresas ou situações imprevistas que possam dificultar a prestação dos atletas. “Neste momento estamos a trabalhar junto do comité organizador e junto das federações para definirmos esses planos. No final do mês de novembro tivemos a última visita a Paris, em que foi possível conhecer o espaço dedicado a Portugal dentro da aldeia olímpica”, acrescenta Marco Alves.
Para a missão de 2024, o Comité Olímpico de Portugal assinou com o Governo um contrato-programa no valor de 21 milhões de euros, que será utilizado até 2025 na preparação da equipa portuguesa. O objetivo será continuar a apoiar os atletas, mesmo depois de terminar a competição olímpica. “O facto de terem estado em Paris não significa que os largamos imediatamente, mal acabe a competição, e que não os continuemos a apoiar. Temos um gabinete de apoio à preparação olímpica que funciona globalmente, que não fica apenas no mero apoio financeiro ao atleta, ao treinador ou à federação, mas que se preocupa em conseguir juntar outro tipo de apoios”, explica Manuel Araújo. Para além do apoio médico, os atletas têm acesso a apoio nutricional, psicológico e a um conjunto de estruturas essenciais para o alto rendimento em competição.
No âmbito do contrato programa, que foi aceite por parte do Instituto Português do Desporto e Juventude, o objetivo é que Portugal participe em 66 eventos de medalha e, embora ainda não se tenha atingido o objetivo, ainda há muita qualificação a decidir até julho de 2024. “A vida desportiva está mais cara agora do que estava na preparação para Tóquio e, ainda que tivessem registado este aumento do financiamento face ao contrato de programa anterior, sentimos alguma dificuldade das próprias federações em conseguir acompanhar o ritmo da preparação que é exigido a este ciclo, face ao anterior. Não podemos dizer que vamos fazer mais, vamos tentar fazer o mesmo com a qualidade que é necessária”, garante o Chefe de Missão Paris 2024.
Com mais ou menos atletas apurados, a única certeza conhecida até ao momento é a relação umbilical entre Portugal e França, que pode fazer dos próximos Jogos Olímpicos uma experiência única para os portugueses. “Temos a perceção de que há um grande interesse de toda a comunidade que vive em Paris e de portugueses que estão em Portugal a assistir aos jogos. Aquela vontade de poder apoiar e estar próximo dos atletas vai-se sentir como nunca e isso é um fator de superação para os atletas, pode resultar numa prestação mais elevada”, explica o Secretário-geral.
A última edição dos Jogos Olímpicos aconteceu há dois anos, em Tóquio, no Japão, com condições muito particulares devido à pandemia. Em julho de 2024 a competição está de volta num país em que a presença portuguesa será mais forte do que nunca.
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