A Metro do Porto vai inspirar-se no modelo de ‘metrobus’ de Nantes para implementar o sistema em Portugal, sustentando-se nos dados da operação da cidade francesa, de acordo com o seu presidente, Tiago Braga.
“Nós ouvimos muitas críticas sobre aquilo que é o BRT [Bus Rapid Transit, vulgo ‘metrobus’, autocarro em via segregada], dizendo que o BRT não é um modo eficiente, que é uma redução do nível de qualidade da Metro do Porto, e aquilo que nós viemos aqui verificar é que isso não é verdade”, disse Tiago Braga aos jornalistas em Nantes, França.
Uma comitiva da Metro do Porto, Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP, que operará o ‘metrobus’) e da Câmara do Porto visitou Nantes e o serviço da operadora local Semitan, com vista a retirar ilações para a sua operação entre a Casa da Música e a Praça do Império (e posteriormente Anémona), prevista arrancar este ano.
De acordo com os dados oficiais da Semitan apresentados à comitiva portuguesa, em Nantes o nível de satisfação dos clientes é superior no ‘metrobus’ (8,1 em 10) face ao ‘tramway’ (elétrico segregado, 7,3), tendo a cidade sido a primeira a implementar os dois sistemas em França.
“O BRT aqui em Nantes tem um índice de satisfação dos clientes superior ao próprio ‘tram’. E a velocidade comercial que eles têm aqui, em média, é inferior àquela que nós temos, em termos de projeto, no nosso”, disse Tiago Braga aos jornalistas.
No Porto, a velocidade prevista será de 22 quilómetros por hora (km/h), ao passo que o ‘metrobus’ de Nantes tem 21 km/h de velocidade comercial.
Nantes tem duas linhas de ‘metrobus’ com uma taxa de segregação do restante tráfego automóvel superior a 90%, bem como linhas de autocarro com segregação superior a 60%, além de uma rede de ‘tramway’ convencional, semelhante à operação à superfície da Metro do Porto.
No Porto, o ‘metrobus’ terá segregação total apenas na Avenida da Boavista, partilhando a via com o restante tráfego automóvel na Marechal Gomes da Costa, numa taxa de segregação que rondará os 70%, segundo Tiago Braga.
Questionado sobre a ausência de uma ciclovia no troço mais a nascente da Avenida da Boavista, Tiago Braga reconheceu que “o futuro é a promoção da mobilidade suave”, mas “não descurando que o coração de qualquer sistema de mobilidade é o sistema de transporte coletivo”.
“O transporte coletivo é que é a solução para a mobilidade. Os modos suaves são modos complementares” para cidades como o Porto ou no anel central da sua área metropolitana, defendeu, ao contrário de locais onde já há “tradição da utilização da bicicleta”.
Para Tiago Braga, “a espinha dorsal da mobilidade tem efetivamente de ser o transporte coletivo”, falando na inclusão da mobilidade suave num processo que “vai acompanhando as necessidades de mobilidade da cidade”.
Já quanto à falta de interfaces diretos quer na Casa da Música (onde os passageiros terão de percorrer cerca de 200 metros entre o ‘metrobus’ e o metro) quer na ligação da Anémona a Matosinhos Sul (500 metros), o presidente da Metro do Porto acredita que não inibirão a utilização do serviço.
“Eu acredito que não por uma razão muito simples: nós vemos a Avenida dos Aliados, a Trindade, a relação entre a própria estação de São Bento ferroviária e a nossa estação de São Bento de metro, as pessoas saem à superfície”, referiu.
O novo serviço da Metro do Porto ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) em 2024, com recurso a autocarros a hidrogénio, estando previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).
FONTE: LUSA
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