Dezembro 9, 2024
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Mirandês com novos instrumentos de divulgação

A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), em parceria como o município de Miranda do Douro, está a preparar um conjunto de iniciativas para assinalar o 26.º aniversário do reconhecimento dos direitos linguísticos do mirandês em Portugal.

A efeméride acontece no dia 17 de setembro e com ela será dado a conhecer um conjunto de novidades que passa pela apresentação do audiolivro de “Mensagem”, de Fernando Pessoa (1888-1935), traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (1950-2015) e que ficará disponível na plataforma digital da Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM).

Outra das iniciativas previstas será a apresentação do sítio do mirandês na plataforma digital RTP Ensina.

Outro momento será a assinatura de um protocolo de colaboração entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a ALCM, com o objetivo de desenvolver trabalhos que possam ajudar no ensino do mirandês e na investigação desta língua minoritária.

Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da ALCM, Alfredo Cameirão, defendeu a continuidade do grupo de trabalho para a promoção da língua mirandesa, criado em 02 de fevereiro através de um despacho do Governo.

“Até agora já foram feitas quatro reuniões de trabalho deste grupo, onde também esta representada a ALCM”, disse Alfredo Cameirão.

Já hoje foi publicado em Diário da República um despacho que determina a prorrogação da ação deste grupo de trabalho até ao final de setembro.

Alfredo Cameirão entende que este prolongamento se deve à mudança de Governo: “À mercê da mudança de Governo [houve] alguns atrasos nestes trabalhos e acertámos que este grupo estará em pleno antes do final do ano”.

O presidente da ACLM adiantou à Lusa que, em 19 e 20 de setembro, as entidades intervenientes terão uma reunião em Miranda do Douro para a conclusão dos relatórios finais acerca desta matéria.

Para além da necessidade da criação de uma unidade orgânica de defesa dos direitos linguísticos do mirandês, a ALCM reitera a necessidade da retificação por parte do Governo português da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias e o reforço da presença da língua e cultura mirandesa nas escolas e, ao mesmo tempo, reforçar a dignidade dos professores nesta matéria.

Hoje em dia, inscrevem-se na disciplina de língua e cultura mirandesa cerca de 80% dos alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, “o que é um rácio notável bem identificativo na vaidade que os alunos têm na Língua que os seus avós lhes legaram”.

Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda (desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português), ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.

“Por isso, a língua mirandesa está seriamente ameaçada, tal como as restantes línguas minoritárias por esse mundo fora”, observou Alfredo Cameirão.

O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3.000 falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.

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